quarta-feira, 25 de maio de 2011

Doenças do Cérebro.1/2

(Os síntomas esquizofrênicos,que normalmente aparecem na juventude,ainda intrigam as neurociências;pesquisadores se voltam á bioquímica cerebral,em especial aos aspectos genéticos e moleculares,para explicar as alucinações,os delírios e os distúrbios cognitivos e afetivos,típicos do transtorno que afeta cerca de 1% da população mundial).

O diagnóstico de algumas doenças,como a síndrome de Down,pode ser feito ainda na vida intrauterina.A presença de um cromossomo a mais no par 21,que caractriza a conhecida trissomia do 21,confirma o diagnóstico.

O mesmo não acontece com a esquizofrênia.Simplesmente porque ninguém nasce com o transtorno.

Há indícios de que para o seu desenvolvimento existam genes predisponentes,mas não um específico.

Tudo leva a crer que,por alguma razão ainda hoje desconhecida, há,no cérebro dos esquizofrênicos,excesso de atividade de determinados receptores químicos dos neurônios,especificamente os relativos a um neurotransmissor excitatório,a dopamina.Uma vez ingerida substâncias que inibem essa atividade dopaminérgica excessiva,como a clopromazina,as alucinações tendem a desaparecer.Tanto ela como drogas similares,desenvolvidas posteriormente,são capazes de alivias os sintômas alucinatórios,porém produzem efeitos colaterais indesejáveis,muitas vezes transformando as pessoas em verdadeiros robôs.Além disso,o fenômeno alucinatório não é a unica alteração apresentada por esquizofrênicos.
Eles sofrem de distúrbios cognitivos como desanteção,dificuldade para organizar pensamentos,incapacidade de expressar os sentimentos,perda da iniciativa - os chamados sintomas negativos,sobre os quais a clorpromazina não exerce efeito.


Cérebro alterado :

O caminho para o entendimento da doença parecia delineado,e o surgimento da tomografia computadorizada,no início dos anos 80,e depois da ressonância magnética,nos anos 90,confirmaram as alterações cerebrais que se suspeitava haver,ou seja: há esquizfrênicos com evidentes alterações na antomia do cérebro.

Com o aparecimento das recentes técnicas de imageamento cerebral funcional (Spect,RMf,PET),pudemos ver as áreas cerebrais em funcionamento e as evidentes alterações matabólicas que ocorrem principalmente nos lobos frontais...






...em particular no córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) e nos lobos temporais que envolvem áreas límbicas do cérebro de esquizofrênicos.Daniel Weinberg e seu grupo do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos analisaram o fluxo sanguineo regional no cérebro de esquizofrênicos,comparam-no ao de indivíduos normais e concluíram que,no caso de esquizofrênia,ele é reduzido no córtex pré-frontal,em especial nas suas porções laterais.

Esses achados reforçam a idéia de que há redução do metabolismo no córtex pré-frontal de esquizofrênicos.
Por um lado,o CPFDL é uma área incomun de lesão focal.As clássicas noções de doenças associadas ao lobo frontal e alterações do comportamento (e até mesmo da personalidade),como labilidade afetiva e desinibição sovial,são baseadas em experiências com lesão no córtex orbitomedial,uma região muito mais frequentemente lesada por tumores,aneurismas,infartos e psicocirurgias.Por outro lado,o CPFDL (Córtex Pré-Frontal Dorso Lateral) é a ultima parte do cérebro a ser recoberta pela camada de mielina (Mielina,essa que propicia o aumento a transmissão do impulso nervoso,funciona meio que como um "lubrificante".Assim como o óleo de um carro lubrifica suas peças),o que ocorre só na segunda e na terceira década da vida.(18-20./28-30).


Segundo alguns autores ,essa região pode continuar a mielinizar ao longo da vida e possívelmente é a única com plasticidade funcional.Além disso,tem complexas conexões anatômicas com quase todos os lobos cerebrais e todos os tipos de córtex associativos.

A imaturidade do CPFDL,ás vésperas da idade em que os sintomas da esquizofrênia costumam ocorrer é um forte indício de que a doença esteja relacionada com anomalia no desenvolvimento ou amadurecimento encefálico.A hipótese da lesão do CPFDL joga um pouco de luz em um dos aspectos neurofisiológicos mais misteriosos da esquizofrênia - sua tendência a se manifestar no final da adolescência.Embora a interpretação desses achados seja instigante e sugira a participação do Córtex pré-frontal no mecanismo da esquizofrênia,é prematuro e reducionista  pensar que a doença possa ser atribuída a uma lesão confinada aos lobos frontais ou temporais.A interpretação sugere mais um distúrbio nos sistemas cognitivos com envolvimento cortical e subcortical,o que afeta as principais características da espécie humana: a consciência o pensamento e o conhecimento.Se por um lado,identificar áreas cerebrais cujas alterações poderiam justificar alguns dos comportamentos anômalos dos esquizofrênicos seja um avanço ,por outro  a pergunta que ainda permanece sem resposta é :qual o mecanismo responsável por essas alterações que daao origem a esquizofrênia?


GÊMEOS INVESTIGADOS.

Estudos em gêmeos monozigóticos revelaram que a esquizofrenia ocorre em cerca de 50% deles,índice muito maior que o encontrado entre não gêmeos cerca de 15% - longe,porém de atingir os 100% de herança que se espera encontrar em gêmeos geneticamente idênticos.Esse lado,embora fascinante para as interpretações hereditárias da doença,impôs ma autêntica charada aos investigadores.A hipótese mais razoável é que,entre os monozigóticos a expressão gênica estaria na dependêmcia de fatores ambientais como traumas pessoais,lesões cerebrais no momento do parto,traumatismo craniano ou doenças infecciosas que poderiam afetar um dos gêmeos candidatos á esquizofrenia durante ou mesmo após o nascimento.Embora essa seja uma explicação coerente,não há grandes evidências dos chamados "fatores ambientais" na origem dos esquizofrênicos que nasceram de parto gemelar.

O assunto é controveso.Um dado interessante,que faz a balança pender a favor da questão hereditária é a descoberta de que crianças adotadas de pais com a doença têm prevalência de esquizofrenia semelhante á dos pais biológicos.Apesar  dos grandes esforços para encontrar um ou vários genes específicos implicados na esquizofrenia,a única evidência é a suscetibilidade genética no seu desenvolvimento.

Alguns autores observaram que gêmeos monozigóticos com a mesma preferência manual tê a anatomia cerebral semelhante.Se um é destro e o outro,canhoto,as diferenças entre os dois lobos temporais são bem mais acentuadas que nos gêmeos concordantes para habilidade manual.Para acessar de forma mais abrangente os fatores ambientais envolvidos no desenvolvimento da esquizofrenia (como de outros transtornos mentais com possível causa genética),seria interessante avaliar a porcentagem de esquizofrênicos entre gêmeos monozigóticos oriundos da mesma placenta (os monocoriônicos),pois compartilham o mesmo ambiente desde a fecundação,isto é,são banhados pelo mesmo líquido amniótico.É óbvio que esse tipo de análise depende de anotações minuciosas feitas no momento do nascimento dos gêmeos,o que nem sempre acontece.

...(POST SUGEITO A ALTERAÇÕES E ACRÉSCIMOS).(1/2)

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